"I don't wanna grow up! I don't wanna grow up!"
"Você pode destruir meus sonhos, mas nunca minha capacidade de sonhar."
Olá pessoas!
Post extraordinário do AluMus!
Escrevi este texto muito antes da idéia de criar o ALuMus... Portanto, não foi inspirado em uma música. Mas, visto que eu gosto muito dele e achei-o perdido na minha pasta, resolvi publicá-lo aqui.
Um amigo disse que eu vi "a metade do copo vazia" quando o escrevi. De fato, além do amor, dos sonhos e da música, a tristeza é uma das minhas fontes de inspiração. Como eu digo, aquilo que é triste não deixa de ser belo (Neste momento, um certo garoto lembrará de uma orquestra que vimos). E as tristezas são parte da vida, é com elas que aprendemos. Elas nos tornam fortes.
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O tempo passa e eu não quero crescer
Quando olho no espelho vejo a mulher que me tornei. Dos tempos de criança, encontro apenas o mesmo olhar, mas com traços cansados. Preocupações, angústias, decisões a serem feitas e problemas a serem resolvidos batem à minha porta. É, a vida passou pela minha janela e talvez eu não tenha percebido
Por que, meu Deus, por quê? Em que lugar estava com a cabeça quando tudo passou? Suspeito que metida nos livros ou perdendo tempo com tv. E assim pulei menos amarelinha, brinquei pouco de roda quando criança. Onde estão meus patins? Que fim teve minha bola de vôlei? O pouco que me lembro é que adorava ver meu irmão jogando videogame, enquanto eu dava as instruções sobre o que fazer... Nunca fui boa jogadora, sempre gostei das estratégias. Então brincava de bolinha de gude em vez de boneca.
Queria ter feito tanta coisa... Balé, pintura, judô, aula de inglês, japonês, natação... Até hoje não sei nadar! Se me jogarem no meio do oceano, não posso nem sonhar em encontrar uma ilha e viver como o Tom Hanks em “O Náufrago”, vou ficar no máximo boiando a deriva, seguindo a maré.
Isso é o que mais me entristece... A vida passa e já não há espaços para sonhos. Quando olho para trás, vejo o quanto eu sonhei durante a minha vida e, no final, quantos desses sonhos viraram realidade? Poucos... A maioria ficou mesmo no mundo da fantasia. E os que ainda persistem, os que ainda vivem em meu coração... Bem, temo que estes terão o mesmo destino. Agora não há mais tempo, os prazos, os compromissos, as agendas não deixam.
Tenho Síndrome de Peter Pan, não quero crescer. Digo e repito: quero ser uma eterna criança. Só de pensar nas responsabilidades dos adultos, nas cobranças, na rotina, tudo isso me desanima. Porque o que vejo, ouço e leio são contradições. Há aqueles que trabalham demais, workaholic atarefados: mas, afinal, para quê tanto conhecimento, para quê tanto dinheiro se não há tempo de gastar, de ter qualidade de vida, de sonhar? Tem também quem é desonesto, quem foge das responsabilidades, trazendo consigo conseqüências. A malandragem que impera e desestrutura a vida alheia.
Nos jornais – coisa de adulto – encontra-se muita tristeza: desgraça, fome, miséria e dor. Sofrimento. Meu e de todos que não têm mais como sonhar. É nesse mundo de desesperança que quero viver? Hmm, não, definitivamente não.
No meu mundo, quero que os pais sejam super-heróis, que em cada irmão tenhamos um amigo, que cada amigo seja como um irmão. Que cada menina seja uma princesa. Que cada princesa tenha um príncipe. Que o impossível não exista. Que tenhamos superpoderes para fazer o bem dos outros. Que possamos voar com a imaginação para onde quisermos, quando quisermos. Que sonhos não sejam simplesmente doces de padaria. Eu aprendi a sonhar e não quero que essa capacidade suma do mundo. Do meu mundo.
"A sabedoria suprema é ter sonhos de tamanha grandeza que não se possa perdê-los de vista enquanto os perseguimos."
Não é que eu não queira amadurecer. Mas minha preocupação é por que não é possível manter o olhar de criança, em que tudo é possível, e aliá-lo ao dia a dia do adulto, que necessita tanto de superações, de esperanças. Porque as crianças se impressionam! Um bebê se surpreende com o mundo, porque tudo é um imenso desconhecido. Mas nós, ah, nós já vimos tantas vezes um cachorro... Não há mais surpresas para nós? Não há esperança? É nessas horas que eu fujo para meu mundo, com a vontade de não mais voltar... Mas não adianta, ainda há tanto para estudar, tanto para relatar, tantos compromissos para cumprir... É o mundo chato, talvez cruel, a me chamar.