“Sem alegria, a vida humana nem sequer merece o nome de vida. Mergulharíamos na tristeza todos os nossos dias, se com essa espécie de prazeres não dissipássemos o tédio que parece ter nascido conosco.”
Elogio da Loucura, Erasmo de Rotterdam
"Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura."
Friedrich Nietzsche
Olá pessoas!
Volto ao AluMus com uma música do Coldplay, Shiver.
A primeira vez que a ouvi foi jogando Guitar Hero, ou melhor, vendo alguém cantá-la nesse joguinho super divertido. A princípio, não liguei muito para ela, embora tenha achado-a muito bonita. Ontem a ouvi em outro contexto, relembrando sua existência. Com meu parvo inglês, prestei um pouco de atenção em sua letra, finalmente. Para variar, precisei olhar o http://letras.terra.com.br/coldplay/8088/ para compreendê-la totalmente. E... Me apaixonei.
Música é algo engraçado. Faz pessoas se apaixonarem por coisas que não são palpáveis, soa meio como pedaço de alma. Talvez possa generalizar isso para a arte como um todo. É inacreditável como ela se encaixa em nossas vidas e sentimentos. Recentemente me apaixonei por um quadro também (“Madalena arrependida”, de Georges de la Tour), além de reacender um amor por um livro (“Elogio da Loucura”, de Erasmo de Rotterdam. Foi dele que tirei as citações do texto que estão sem referência). O bom de tudo isso é a possibilidade de alimentar esse sentimento de alegria que nasce em mim toda vez que algo me acrescenta.
Espero um dia escrever de forma a alimentar esse sentimento também nas outras pessoas. =)
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Da Loucura
No último mês, fui repetidamente perguntada por um colega de turma se eu, mesmo namorando e amando este namorado, beijaria o Brad Pitt. Repetidamente respondi que não, se eu amo meu namorado, eu não beijaria o Brad Pitt. Não satisfeito, este colega me perguntou se eu, caso Brad me pedisse em casamento, não trocaria meu namorado por ele. Seus argumentos foram “Ele é considerado bonito por muitas garotas, é milionário e famoso”. Eu respondi que não. Impressionado, ele me parabenizou e disse que me admiraria por estas escolhas, desde que isso fosse verdade.
Trata-se de uma questão de valores. Sabiamente, um professor um dia me disse que “a personalidade é a lente pela qual vemos o mundo”. Aquilo que acredito pode simplesmente não ter valor para outro; pode nem sequer fazer sentido, ser uma tremenda bobagem. Loucura, até. Mas, para mim, é aquilo que me guia e somente seguindo meus preceitos conseguirei alcançar a felicidade.
Isso, muitas vezes, me levou a decisões controversas. Ainda sobre este assunto, quantas vezes não fui questionada sobre o porquê de eu não ficar com este ou aquele garoto bonitinho? A resposta sempre foi a mesma: aquilo não fazia sentido na minha vida. Ou ainda, “Por que você fica estudando tanto? Nem tem prova essa semana e o vestibular é só no fim do ano...”, pergunta a qual sempre respondia (mentalmente) “Porque meu sonho é ser médica”.
Não quero, de forma alguma, colocar estes fatos como verdades absolutas. São apenas exemplos pessoais que trago para colocar a relatividade entre o que é certo e errado, bom e ruim, se é que eles existem. Citando William Shakespeare, “Não existe bom ou ruim, mas o pensamento o faz assim”. Trata-se de escolhas. O mais difícil em uma escolha é suportar o peso da decisão. Mas o custo-benefício é favorável; uma vez que você tenha decidido de coração, torna-se mais fácil aceitar com as conseqüências. Costumo dizer que escolho a única alternativa com a qual consigo conviver e isso por vezes exige um pouco de loucura. Mais de uma vez na vida, esperei/espero uma pessoa que amava/amo por mais de um ano, mesmo sem nenhuma garantia de retorno. Mais de uma vez, me doei inteiramente a pessoas que amo, viajei quilômetros para dar um abraço no meu pai. Já tomei banho de vidro em acidente automobilístico e ainda assim corri para ver minha sobrinha nascer.
O que seria da vida sem a loucura? “Ora, se me [a Loucura] excluirdes da sociedade, não só o homem se tornará intolerável ao homem, como também, toda vez que olhar para dentro de si, não poderá deixar de experimentar o desgosto de ser o que é, de se achar aos próprios olhos imundo e disforme, e, por conseguinte, de odiar a si mesmo”. É preciso assumir riscos, investir tempo e vontade para que os sonhos se realizem. E principalmente, é preciso estar confortável consigo mesmo, com suas decisões.
Entretanto, é preciso humildade para admitir erros e retroceder, reparando o que foi errado. Ter maturidade para suportar e aceitar algo que não parecia real, mas o é. Aceitar que “os homens estão sujeitos a muitas imperfeições”, mas nem por isso desistir deles. Ser louco, porém com os pés no chão. Entender que “o otimista acredita que vivemos no melhor dos mundos. O pessimista teme que isto seja verdade” (James Branch Cabell). Há de se equilibrar as duas pontas, a realidade e a loucura, o pessimismo e o otimismo, para então viver sem nem se arrepender, nem se machucar demais. E, apesar disso, continuar buscando o ideal, sem nunca perder o senso de realidade. Afinal, o ideal pode estar ao seu lado e você nem perceber.
"Nossa loucura é a mais sensata das emoções; tudo o que fazemos deixamos como exemplos para os que sonham um dia serem assim como nós: LOUCOS.... mas FELIZES!!!"
Mário Quintana