quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Pride and Prejudice


"Maybe I know somewhere deep in my soul that love never lasts
And we've got to find other ways to make it alone or keep a straight face
And I've always lived like this keeping a comfortable distance
And up until now I swored to myself that I'm content with loneliness,
Because none of it was ever worth the risk
But you are the only exception..."

Only Exception, Paramore

Olá pessoas!

Amanhã tenho prova de duas matérias que só tem uma prova; elas duraram 2 meses e agora eu só tenho uma chance de provar que aprendi. É meus caros, Medicina pode ser complexo de vez em quando.
Portanto, não consegui escrever um texto esse mês. Sábado terei a oportunidade - e tempo! - para pensar no assunto, mas para não quebrar o ciclo de postagens, vou colocar o capítulo 58 de "Orgulho e Preconceito", da Jane Austen, um dos meus livros favoritos.
Quem ainda não leu o livro, aconselho a ler; no mínimo, ver o filme. É um dos capítulos finais, contendo a resolução da história. É o capítulo mais lindo para todas as Mr. Darcy lovers, como eu.
Espero que gostem!
_________________________________

Capítulo 58

Mr. Bingley não recebeu nenhuma carta de escusas do seu amigo, como Elizabeth receava. Em vez disso, trouxe o amigo Darcy em visita a Longbourn, poucos  dias depois do aparecimento de Lady Catherine. Os cavalheiros chegaram cedo. Elizabeth, por um momento, teve medo de que Mrs. Bennet lhes contasse que tinham recebido a visita da sua tia. No entanto, antes que Mrs. Bennet pudesse falar, Bingley, que queria ficar a sós com Jane, propôs que todos saíssem a passear. Assim foi combinado. Mrs. Bennet não tinha o hábito de caminhar. Mary não podia perder tempo. E os cinco restantes partiram. Bingley e Jane, entretanto, deixaram os outros se distanciarem. Elizabeth, Kitty e Darcy foram na frente. Os três conversaram muito pouco. Kitty tinha medo de Darcy. Elizabeth tomava em segredo uma resolução desesperada. E ele talvez fizesse o mesmo.
Caminharam em direção à casa dos Lucas, pois Kitty queria fazer uma visita a Maria. E, depois que Kitty os deixou, Elizabeth continuou resolutamente com Darcy. Chegara agora o momento de executar o seu plano. E, antes que a sua coragem fraquejasse, falou:
— Mr. Darcy, sou uma criatura muito egoísta. E, a fim de aliviar as incertezas dos meus sentimentos, vou talvez ferir os seus. Não posso adiar por mais tempo a obrigação de lhe agradecer a sua inestimável intervenção a favor de minha irmã. Desde que soube o que o senhor tinha feito, fiquei ansiosa por uma ocasião de lhe manifestar a minha gratidão. E, se as outras pessoas da minha família o soubessem, não lhe falaria apenas em meu nome.
 — Sinto imensamente — replicou Darcy, num tom de surpresa e emoção — que tenha sido informada de um fato que, mal interpretado, poderia causar-lhe contrariedade. Julguei que podia confiar na discrição de Mrs. Gardiner.
— Não deve culpar a minha tia. Foi por uma leviandade de Lydia que eu soube que o senhor se tinha envolvido no caso; e naturalmente não descansei até conhecer todos os detalhes. Deixe-me agradecer novamente, em meu nome e no da minha família, pela generosidade com que agiu, sofrendo toda a sorte de incômodos  e mortificações.
— Se quiser me agradecer — respondeu ele —, faça-o apenas em seu próprio nome. Não nego que o desejo de lhe causar prazer tenha contribuído também para o que fiz. Mas a sua família não me deve nada. Respeito-a muito, mas creio que foi só em você que pensei.
Elizabeth ficou tão embaraçada que não soube o que  responder. Depois de uma curta pausa, seu companheiro acrescentou:
— Tenho a certeza de que é generosa demais para fazer pouco-caso dos meus sentimentos. Se os seus são ainda os mesmos que manifestou em abril passado, diga-o imediatamente. Minha afeição permanece inalterada; basta porém uma única palavra sua para fazer com que me cale para sempre.
Elizabeth, sentindo a difícil e aflitiva situação em que Darcy se encontrava, se esforçou para falar. E, embora de forma hesitante, deu-lhe a entender imediatamente que os seus sentimentos tinham passado por tão grande transformação desde o período a que ele aludira, que agora podia aceitar as suas declarações com prazer e gratidão. A felicidade que essa resposta causou em Darcy foi a maior que até então conhecera. E ele a exprimiu nos termos mais calorosos que o seu coração de apaixonado pôde encontrar. Se Elizabeth tivesse podido levantar os olhos, teria visto que a felicidade de Darcy se refletia no rosto, infundindo-lhe uma animação que o tornava belo. Se não podia ver, Elizabeth, no entanto, podia ouvir. E Darcy lhe revelou a importância que o afeto de Elizabeth tinha para ele. E a cada momento o seu amor crescia de importância aos olhos de Elizabeth.
Continuaram a caminhar sem uma direção precisa. Seus pensamentos os absorviam, e além disso tinham muito a sentir e a dizer. Elizabeth ficou sabendo que deviam o seu atual entendimento aos esforços da  tia de Darcy. Lady Catherine, com efeito, de passagem em Londres, fora visitar o sobrinho e lhe relatara a sua viagem a Longbourn, suas causas e a conversa que tivera com Elizabeth, repetindo enfaticamente cada uma das expressões desta última, expressões que aos olhos de Lady Catherine denotavam a perversidade e o cinismo da moça, com o intuito de desacreditá-la perante o seu sobrinho. Infelizmente para Sua Senhoria, o efeito tinha sido exatamente o oposto.
— Eu, que não tinha mais esperanças, voltei a tê-las — acrescentou Darcy. — Conhecendo seu caráter, sabia que, se estivesse absoluta e irrevogavelmente decidida a me recusar, tê-lo-ia dito a Lady Catherine com toda a franqueza.
Elizabeth enrubesceu e sorriu.
— Sim, conhecia suficientemente a minha franqueza para saber que, se eu tinha sido capaz de tratá-lo de maneira tão abominável pessoalmente, não hesitaria em fazê-lo perante toda a sua família.
— Não acho que me tenha tratado mal. Não disse nada que eu não merecesse. Embora suas acusações repousassem sobre premissas falsas, minha atitude naquele tempo merecia as mais severas censuras. Era imperdoável. Não posso lembrar dela sem horror.
— Não discutiremos a quem cabe a maior culpa na desavença daquela noite — disse Elizabeth. — A conduta de nenhuma das partes foi irrepreensível. Mas desde então creio que progredimos em cortesia. Pelo menos espero.
— Não posso me reconciliar tão facilmente comigo mesmo. A recordação de tudo o que eu disse, da minha conduta, das minhas maneiras e expressões tem sido  durante muitos meses e continua a ser indizivelmente dolorosa. Nunca me esqueci da sua admoestação, que  considero tão justa: "Se tivesse agido de forma mais cavalheiresca..." Foram estas as suas palavras. Não sabe, não pode nem de longe imaginar como essas suas palavras me torturaram. Custei a lhes reconhecer a justiça.
— E eu estava muito longe de supor que elas lhe produziriam uma impressão tão forte.
— Acredito. Naquele tempo pensava que eu era destituído de todos os sentimentos humanos. Disso tenho certeza. Nunca me esquecerei da expressão do seu rosto quando me disse que nada a poderia ter persuadido a aceitar a minha mão.
— Oh, não repita o que eu disse. Essas coisas não devem ser lembradas. Juro-lhe que há muito tempo que penso nelas com imensa vergonha.
Darcy mencionou a sua carta.
— Queria saber — perguntou ele — se a carta me justificou aos seus olhos. Acreditou no que eu dizia?
Elizabeth lhe explicou os efeitos que a sua carta tinham produzido e como, aos poucos, a sua má vontade se dissipara.
— Eu sabia — continuou ele — que o que estava lhe escrevendo ia magoá-la, mas era necessário. Espero que tenha destruído a carta. Não descansarei enquanto não tiver a certeza de que não a pode mais ler, especialmente o começo da carta. Lembro-me de certas expressões que provocariam o seu ódio contra mim.
— A carta será queimada se acredita que isto seja essencial para a preservação da minha estima. Mas, embora tenhamos ambos razões para pensar que as minhas opiniões não são inteiramente inalteráveis, não creio por outro lado que sejam tão facilmente influenciáveis como parece supor.
— Quando escrevi aquela carta — replicou Darcy —, pensava que me encontrava num estado de espírito perfeitamente calmo e frio. Mas depois vi que estava extremamente amargurado e triste.
— Talvez no princípio a carta fosse amarga, mas o final era uma caridosa despedida. Mas não pense mais na carta. Os sentimentos da pessoa que a recebeu e da pessoa que a escreveu são agora tão diferentes do que eram, que todas as circunstâncias dolorosas relativas a ela devem ser esquecidas. E é preciso que aprenda um pouco da minha filosofia. Lembre-se apenas daquilo que lhe causa prazer.
— Não creio que encontre dificuldade em aplicar esta filosofia à sua própria vida. As suas lembranças devem ser tão desprovidas de toda mácula que não é preciso nenhuma filosofia para sentir o contentamento que se origina delas. Mas comigo não é assim: quando penso no passado intervém muitas recordações dolorosas que não podem e não devem ser repelidas. Toda a minha vida fui um ser egoísta, se não na prática, pelo menos nos meus princípios. Em criança me ensinaram o que era  direito, mas não me ensinaram a corrigir o meu gênio. Deram-me bons princípios. Mas deixaram-me praticá-los orgulhosamente. Infelizmente, sendo durante muito tempo único filho, e mais tarde único filho homem, fui mimado pelos meus pais e, embora eles fossem bons, meu pai sobretudo, que era a benevolência em pessoa, permitiram, encorajaram e quase me ensinaram a ser egoísta e tirânico, a pensar apenas nas pessoas da minha família, desprezar todos os outros e a pensar, com desprezo, no bom senso e valor das outras pessoas, comparados com os meus. Assim fui eu dos oito aos vinte e oito anos. E, se não fosse a minha querida e adorável Elizabeth, talvez ainda não me tivesse mudado. Que é que não lhe devo? A lição que me deu foi certamente a princípio muito dura, mas muito vantajosa. Por suas mãos recebi a humilhação que devia. Aproximei-me de você sem duvidar de que seria aceito. Revelou-me como eram insuficientes as minhas pretensões de agradar uma mulher digna de ser amada.
— Estava mesmo persuadido de que realmente me sentiria lisonjeada?
— Confesso que estava. Que acha da minha vaidade? Eu acreditava que estava mesmo desejando e esperando as minhas propostas.
— A culpa talvez caiba às minhas maneiras, mas não agi intencionalmente. Posso lhe jurar; jamais tencionei enganá-lo. Como deve ter me odiado depois daquela noite!
— Odiá-la? Talvez a princípio eu me tivesse encolerizado. Mas logo dirigi esta cólera contra quem a merecia.
— Tenho quase medo de lhe perguntar o que pensou de mim quando nos encontramos em Pemberley.Achou que eu tinha feito mal em ir?
— Não, de modo algum, senti apenas surpresa.
— A sua surpresa não foi menor do que a minha ao verificar que ainda se interessava por mim. Minha consciência me dizia que eu não merecia grandes cortesias e confesso que não contava receber mais do que me era devido.
— Meu fito naquela ocasião — replicou Darcy — era lhe mostrar, por todos os meios, que não guardava um rancor mesquinho do passado. Eu esperava obter o seu perdão e apagar o mau conceito que tinha de mim, dando-lhe a perceber que eu tinha levado em conta as suas censuras. Não posso lhe dizer exatamente em que momento outros desejos nasceram em mim, mas creio que foi meia hora depois de tê-la visto.
Darcy contou-lhe então o prazer que Georgiana tivera em conhecê-la e o desapontamento que sentira com a súbita interrupção da sua visita. Isto o levou naturalmente a falar nas causas desta interrupção. E Elizabeth ficou sabendo que ele tomara a resolução de segui-la e de partir em busca da sua irmã, antes mesmo de sair da hospedaria. E que se naquela ocasião se mostrava grave e pensativo, era porque debatia consigo mesmo a respeito desta idéia. Ela tornou a exprimir a sua gratidão, mas o assunto era demasiado penoso para ambos para que insistissem nele.
Depois de caminharem várias milhas sem destino, sem repararem para onde se dirigiam, viram nos seus relógios que era hora de ir para casa.
— Que terá sido feito de Mr. Bingley e Jane?
Esta observação os levou naturalmente a discutir este caso. Darcy estava encantado com o noivado. Seu amigo lhe dissera tudo imediatamente.
— Ficou surpreendido? — perguntou Elizabeth.
— De modo algum. Quando parti, já sabia que isto devia acontecer.
— Quer dizer que deu o seu consentimento? Desconfiava disto também.
Embora ele protestasse contra a expressão, Elizabeth compreendeu que a sua suposição não estava muito longe da verdade.
— Na noite antes da minha partida para Londres — disse Darcy —, eu fiz a Bingley uma confissão que, acredito, já devia ter feito há muito tempo. Contei-lhe tudo o que tinha ocorrido e disse que esses fatos me tinham feito compreender que a minha interferência no caso dele e de Jane tinha sido desastrosa. A sua surpresa foi grande. Ele não suspeitava de nada. Disse, além disso, que tinha razões para acreditar que me tinha enganado quando dissera que a sua irmã lhe era indiferente. E como vi imediatamente que a afeição dele por ela continuava inalterada, não tive dúvida de que viessem a ser muito felizes juntos. Elizabeth não pôde deixar de sorrir da facilidade com que ele conduzia o amigo.
— Foi a sua própria observação que o convenceu de que a minha irmã amava a Bingley ou se baseou apenas na minha informação?
— Foi a minha observação. Durante as duas últimas visitas que fiz aqui ultimamente, observei-a atentamente. Fiquei convencido de que ela o amava sinceramente.
— E Bingley acreditou imediatamente na sua afirmação?
— Acreditou. Bingley é de uma extraordinária modéstia. Foi o que o impediu de confiar no seu próprio julgamento, mas a confiança que ele tem em mim tornou tudo fácil. Fui obrigado a confessar uma coisa que o fez ficar ofendido comigo durante alguns dias. Não pude deixar de dizer que eu sabia que a sua irmã tinha estado em Londres durante três meses no inverno passado e que eu propositadamente escondera este fato dele. Ficou zangado, mas estou persuadido de que a sua cólera durou apenas enquanto tinha dúvidas acerca dos sentimentos da sua irmã. Ele agora me perdoou de todo o coração.
Elizabeth teve vontade de observar que Mr. Bingley tinha sido um amigo encantador. Sendo ele, como era, tão fácil de conduzir, possuía como amigo um valor inestimável. No entanto ela se conteve porque lembrou que Darcy ainda não aprendera a ser menos suscetível. E era ainda cedo para começar. Darcy continuou a falar sobre a felicidade que antecipava para Bingley, e que seria apenas menor do que a sua, até que chegaram em casa. No hall eles se separaram.

Um comentário:

  1. Eu ainda vou gostar de Pride and Prejudice... Sá, nao consegui ler o livro até hoje.. achei tudo muito parado.. assisti ao filme.. preciso ver novamente, acho que eu tenho aqui.

    saudade.
    ma

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